terça-feira, 31 de julho de 2012

DEPUTADA LUIZA ERUNDINA INAUGURA DEPARTAMENTO ODONTOLÓGICO DO STERIIISP



A deputada federal Luiza Erundina (PSB/SP) compareceu à inauguração do Departamento Odontológico do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários, Interestadual, Intermunicipal e Setor Diferenciado de São Paulo e Região no último dia 07 de maio, na sede da Entidade.

A deputada parabenizou a diretoria do Sindicato pela iniciativa de fornecer tratamento odontológico gratuito para a categoria, uma vez que o Poder Público não supre essa demanda e que, por isso, várias entidades sindicais estão assumindo esse trabalho assistencial. Ao discursar para a platéia lembrou das suas origens operária e sindical e que se sentia agradecida pelo convite e feliz por estar em um meio tão familiar.

Para as mulheres presentes cobrou maior participação nas atividades sindicais e, também, na direção do Sindicato.

Depois, acompanhada do diretor financeiro Antônio Carlos Carvalho (Kaixa), Luiza Erundina se encaminhou para a sala do odontológico onde descerrou a placa que leva o seu nome.

Sempre muito simpática, antes de ir embora, a deputada ainda se confraternizou com os trabalhadores, as trabalhadoras, funcionários e diretores do Sindicato e dirigentes sindicais de outras categorias profissionais.

Entre as lideranças das entidades co-imãs do transporte que estavam no evento, destacamos a presença de Valdir de Souza Pestana (presidente do Sindicato dos Condutores de Santos e vice-presidente da Federação dos Trabalhadores Rodoviários do Estado de São Paulo); Natalício Ferreira Alves (presidente do Sindicato de Cargas de São Paulo e Região), Gato (dirigente da CUT), Viola (diretor do Sindicato de Cargas de Osasco e Região) e Raimundo Cocada (diretor financeiro do SINDFICOT).

Com informações e fotos do Site www2.sindirodsp.org.br

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Comitês estaduais pedem agilidade e transparência à Comissão da Verdade


Brasília - Representantes dos comitês estaduais, formados por organizações da sociedade civil, sobre mortos e desaparecidos durante a ditadura militar fizeram hoje (30) reivindicações aos integrantes da Comissão Nacional da Verdade pedindo a abertura das audiências da comissão, agilidade nos trabalhos, investigação dos abusos cometidos contra índios durante a ditadura e a divulgação do orçamento da comissão.

“A comissão tem que partir do que já está feito e avançar, tem que exigir a abertura de todos os arquivos ainda não abertos, as audiências tem que ser públicas, a comissão deve ter um mecanismo ágil para receber as denúncias e processar estes documentos”, disse a representante do Comitê pela Verdade, Memória e Justiça do Distrito Federal, Iara Xavier, ao falar sobre a expectativa em relação ao trabalho da Comissão da Verdade. "Queremos o impossível", completou.

Integrante do Fórum Memória e Verdade do Espírito Santo, Francisco Celso Calmon, manifestou a preocupação de que o relatório final da comissão passe a integrar apenas o “arquivo morto” do país. “Nos preocupamos que o resultado do relatório não sirva ao arquivo morto da nação, mas que seja um relatório vivo para que se criminalize os que cometeram crimes contra a humanidade.”

O período de dois anos previsto para a conclusão dos trabalhos da comissão fez o representante do Comitê Santa-Mariense de Direito à Memória e à Verdade, de Santa Maria (RS), Diego Oliveira, pedir a dedicação exclusiva dos titulares do órgão. “O efetivo reduzido [prazo] da comissão seria compensado com a dedicação exclusiva”. Ele disse também considerar que falta autonomia orçamentária da comissão, que é vinculada à Casa Civil, e pediu a divulgação do valor previsto para a execução dos trabalhos.

Após ouvir as considerações, o coordenador da Comissão da Verdade, Gilson Dipp, disse que a exposição das demandas é importante para fazer avançar o trabalho e unir esforços. “Temos essa demanda natural, muitas vezes até reprimida, mas o importante é que vamos trabalhar em apoio e sintonia com todos os comitês estaduais para que eles possam realizar algumas das tarefas nos estados para que possamos fazer a triagem”, disse Dipp.

Alguns dos representantes dos comitês estaduais colocaram à disposição da Comissão da Verdade documentos relativos à ditadura militar e também para tomar depoimentos de presos e perseguidos políticos. Houve ainda quem manifestou preocupação com a segurança dos arquivos armazenados nos estados em função do início das investigações. A reunião, proposta pela Comissão da Verdade, reuniu representantes de cerca de 40 comitês de todo o país.

A Comissão Nacional da Verdade foi instalada em 16 de março de 2012, com prazo de dois anos para apurar violações aos direitos humanos ocorridas no período entre 1946 e 1988, que inclui a ditadura militar (1964-1985).

Por: Yara Aquino, da Agência Brasil
Foto: Elza Fiúza

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Nova composição do Conselho de Comunicação Social gera polêmica

Ouça o áudio da entrevista



Nova composição do Conselho de Comunicação Social divide opiniões entre a sociedade civil. O órgão é previsto na Constituição como auxiliar do Congresso na discussão de temas como liberdade de expressão, conteúdo das emissoras de rádio e TV, além dos riscos de monopólio ou oligopólio nos meios de comunicação.

O conselho foi criado em 1991, mas só teve duas formações até hoje e estava sem funcionar desde 2006. Sua nova composição foi aprovada na última sessão do Congresso antes do recesso parlamentar. Ao todo, são 13 titulares e 13 suplentes sugeridos por representantes dos veículos de comunicação, jornalistas, artistas e entidades da sociedade civil.

No entanto, a coordenadora da Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito à Comunicação com Participação Popular, deputada Luiza Erundina, do PSB paulista, não poupou críticas às nomeações.

"Lamentavelmente, depois de seis anos em que o conselho está desativado, ele vem da forma mais autoritária, mais unilateral e mais ilegítima que se poderia esperar. Numa sessão do Congresso, embutiram entre as matérias extra-pauta a aprovação de um novo conselho com nomes absolutamente estranhos aos segmentos que lutam por essa causa e ficamos absolutamente perplexos".

O Forum Nacional pela Democratização da Comunicação também divulgou nota oficial para expressar que os novos integrantes do Conselho de Comunicação Social não representam a opinião dos movimentos sociais. Erundina ainda acredita na possibilidade de reverter essa composição, mas, se não for possível, a deputada defende a pressão da sociedade civil para influenciar na discussão de temas como os novos marcos regulatórios das comunicações e da internet (PL 2126/11), por exemplo.

"Nós vamos procurar influir e manter uma pressão forte sobre esse conselho. Vamos apresentar propostas e esse conselho terá de ouvir o que a sociedade tem a dizer, porque não acredito que a maioria dos que compõem aquele conselho estão interessados em colocar as comunicações sociais no país em um patamar de modernidade".

Já o novo integrante do conselho e presidente da Federação Nacional dos Jornalistas, Celso Schröder está otimista quanto ao papel do colegiado na garantia do desenvolvimento tecnológico da comunicação no Brasil, com liberdade de expressão.

"Esse conselho para nós é fundamental e ajuda a compor um sistema democrático no Brasil, cumprindo um papel que nos parece decisivo: de auxiliar mesmo os parlamentares brasileiros a tomar decisões sobre comunicação a partir da escuta de uma representação pública mais democrática e especializada desses setores. É com grande satisfação que vemos esse conselho ser recomposto".

Os integrantes do Conselho de Comunicação Social têm mandato de dois anos. As despesas com a instalação e o funcionamento do colegiado são de responsabilidade do Senado.
De Brasília, José Carlos Oliveira

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Reativação do Conselho de Comunicação do Congresso pega de surpresa até nomeados

Aprovada antes do recesso, nova composição do colegiado, desativado desde 2004, tem entre representantes da sociedade civil porta-voz de Sarney e dono de rede de televisão; Entidades protestam

A deputada Luiza Erundina não entendeu como José Sarney incluiu o assunto na pauta sem comunicar os colegas.

São Paulo – Aprovada no último dia do semestre legislativo, a nova composição do Conselho de Comunicação Social surpreendeu até mesmo os novos integrantes e incluiu o ex-porta-voz do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), e representante das empresas de comunicação em vagas que caberiam à sociedade civil. O processo de eleição foi questionado por entidades que militam no setor.

Criado em 1991 (governo Fernando Collor) pela Lei 8.389, instalado pela primeira vez em 2002 e desativado desde 2004, o colegiado, com 13 integrantes, deve formular estudos e pareceres, entre outros, sobre a liberdade de manifestação e de pensamento, a propaganda comercial e o monopólio ou o oligopólio nos meios de comunicação. A reativação era um antigo anseio de setores da sociedade que pedem um debate sobre a democratização do setor, mas a aprovação, feita de surpresa na última terça-feira (17), não foi exatamente agradável para militantes e deputados que queriam opinar sobre a nomeação dos integrantes. Por lei, cabe à Mesa Diretora do Senado, comandada por Sarney, empresário de comunicação no Norte e no Nordeste, a definição dos membros do colegiado.

Indicado como representante dos radialistas, o presidente do sindicato da categoria em Minas Gerais, José Catarino do Nascimento Silva, disse ter sido surpreendido. “Até agora (hoje, 19), nem comunicado fui”, afirmou. Ele disse, inclusive, concordar com a ressalva feita pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) sobre a indicação dos radialistas ter sido feita “sem diálogo com a atual gestão da Fitert (federação nacional)”. Segundo Nascimento, a entidade deveria ter sido consultada. “A primeira coisa que vou fazer é ter contato com a Erundina e com os companheiros do FNDC.” A deputada Luiza Erundina (PSB-SP) é coordenadora da Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão, e Nascimento quer consultá-la para saber, inclusive, se deve ou não se manter como titular do colegiado.
Na quarta-feira (18), a deputada federal Luiza Erundina, que preside a Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão, afirmou haver recebido com “estranheza e perplexidade” a informação de que havia sido aprovada a nova composição do conselho. “A votação dessa matéria se deu numa sessão do Congresso convocada com um único ponto de pauta, ou seja, o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias, às vésperas do recesso parlamentar. O item sobre o CCS deve ter sido incluído como extra-pauta, sem discussão e à revelia da maioria dos parlamentares, provavelmente com o conhecimento apenas dos líderes de bancada presentes à referida sessão”, diz comunicado emitido em nome de toda a frente.

Segundo a nota, o grupo de deputados e senadores encaminhou a Sarney em fevereiro deste ano uma lista com sugestões de nomes da sociedade civil. “Manifestamos nosso veemente repúdio pela forma desrespeitosa e antidemocrática como o Presidente do Senado tratou, neste caso, os parlamentares e representantes de mais de cem entidades da sociedade civil que integram a Frentecom.”

O presidente do Sindicato Interestadual dos Trabalhadores na Indústria Cinematográfica e do Audiovisual (que abrange Norte, Nordeste e Sudeste, com exceção de São Paulo), Luiz Gerace, o Chacra, contou que o seu nome foi indicado quatro anos atrás. Depois, não ouviu mais falar do assunto. “Hoje (19) recebi um telefonema de uma pessoa do Senado, para confirmar o endereço.”

No ano passado, Chacra chegou a receber um telefonema do vice-presidente da TV Globo, Evandro Guimarães, que estaria preocupado com a possibilidade da entrada de grupos estrangeiros no mercado brasileiro. “A gente defende o amplo direito de expressão audiovisual. Sem-terra pode produzir, o índio pode, os periféricos”, diz o sindicalista, que chama a atenção para a “precarização violenta” do profissional do setor, sem direitos como carteira assinada, piso salarial, jornada ou 13º.

Um dos conselheiros que tomará posse em 9 de agosto é Fernando Cesar Mesquita, porta-voz de Sarney no período em que o senador foi presidente da República (1985-1990). Mesquita, hoje diretor de Comunicação do Senado, é um dos cinco representantes da sociedade civil nomeados pelo parlamentar. Questionado sobre o porquê de preencher a vaga no colegiado, ele classifica como “bobagens” as críticas feitas pela Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e diz que foram escolhidos os nomes “mais representativos”. “Tenho uma história, sou jornalista a vida toda. Tenho experiência muito grande na área pública. Fui diretor de O Estado de S. Paulo, do Jornal do Brasil. Represento porque contribuo como cidadão”, afirma.

Mesquita diz não querer emitir opiniões precipitadas e não antecipa quais temas pretende abordar nos debates. Mas, quando perguntado sobre qual opinião pretende levar ao conselho sobre o controle de canais de rádio e de televisão por políticos, prática vedada pela Constituição, mas que na prática é comum, ele se sai com a afirmação de que a legislação não permite a prática: “Hoje os políticos não podem mais ser proprietários. Há parentes que são, mas eles não são.” Parentes, no popular, são os “laranjas” que permitem a burla à legislação.

Outro que entrou na cota de representantes da sociedade civil foi um empresário de comunicação, setor que já tem assento reservado no conselho. João Monteiro de Barros Filho é dono da RedeVida de Televisão, sediada em São José do Rio Preto, no interior paulista, e com retransmissoras de conteúdo religioso espalhadas pelo país. Segundo a página da emissora, Filho e o presidente do Congresso são velhos conhecidos: “A ideia de formar a RedeVida de Televisão nasceu durante o governo do presidente José Sarney. Na época, a disputa pelo canal 11 de São José do Rio Preto foi grande e o jornalista barretense representava o segmento mais fraco, mas tinha a promessa do presidente e uma fé imensa.”

Por telefone, Barros Filho preferiu não opinar sobre sua nomeação para o conselho:

– “Fala com meu filho, Barros Neto, que ele está acompanhando melhor essas reuniões.”

– “Mas o nome que consta como conselheiro é o seu, João Monteiro de Barros Filho”, responde o repórter.

– “Ele é João Monteiro também.”

Com a palavra, o filho de Filho: “Penso que ele está convidado como representante da sociedade civil. E neste sentido ele se enquadra completamente”, diz, negando que a nomeação de seu pai fosse mais adequada na cadeira de representante dos empresários. “A grande virtude do meu pai participar desse conselho, como membro da sociedade civil, é por causa das características pessoais. É um jornalista que começou a trabalhar em 1955, que atua no rádio, no jornal e também atuou fundando uma rede de televisão. Com valores e princípios morais, éticos, cívicos.”

A composição do Conselho de Comunicação Social

Uma das questões que podem ser debatidas pelo conselho é a regulação da comunicação, abordando mecanismos para desconcentrar as concessões de rádio e televisão e a distribuição das verbas de publicidade. A respeito do assunto, Barros Neto informa que Barros Filho considera que o setor já está regulamentado, mas existe necessidade constante de debater aperfeiçoamentos para acompanhar a evolução tecnológica e da sociedade. Ele afirma ainda que seu pai está disposto a debater a possibilidade de restrições na veiculação de conteúdo religioso utilizando emissoras: “Tudo pode ser discutido. Não tem nada que não deva ser discutido”.
Em nota, o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) classificou como “antidemocrática e preconceituosa” a escolha dos integrantes, que poderiam ajudar a impulsionar o debate sobre democratização da comunicação. A entidade lamentou o fato de a direção da Fitert não haver sido consultada sobre a vaga para a qual seu ex-presidente foi nomeado e a exclusão das mulheres, que não ocupam nenhum dos 13 assentos permanentes.

“Um Conselho que deveria servir para auxiliar o Parlamento, e que reúne entre suas funções avaliar questões ligadas à liberdade de manifestação do pensamento, da criação, da expressão e da informação, além de emitir pareceres e recomendações ligadas à produção e programação de emissoras de rádio e televisão, não deve - e não pode jamais - prescindir da participação de uma representação coerente da sociedade civil à altura de tão complexas e estratégicas responsabilidades”, diz o comunicado.

Os outros três representantes da sociedade civil no Conselho de Comunicação Social são Miguel Ângelo Sampaio Cançado, tesoureiro do Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e presidente da seção de Goiás da entidade;  dom Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro; e o professor de Direito Ronaldo Lemos, da Fundação Getúlio Vargas, coordenador do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV.

O representante das empresas de televisão é Gilberto Carlos Leifert, diretor da Central Globo de Relações com o Mercado. Ele também é presidente do Conselho de Autorregulamentação Publicitária (Conar), cargo para o qual foi reeleito recentemente. O conglomerado está representado ainda por Alexandre Kruel Jobim, vice-presidente jurídico da RBS, “mais antiga e maior afiliada da Rede Globo”, como informa a empresa em seu site. Filho do ex-ministro Nelson Jobim, o executivo representa as empresas de imprensa escrita (veja a relação completa dos titulares no quadro). 

O presidente do Sindicato dos Artistas (Sated) do Rio de Janeiro, Jorge Coutinho, também foi surpreendido pela notícia. “Houve uma conversa um bom tempo atrás em relação a isso, no ano passado.” Segundo ele, “uma pessoa do Senado” o convidou para o cargo. “Para mim, isso nem existia a mais.” A indicação do Sated também foi criticada pelo FNDC – para a entidade, isso representou um “privilégio” a um sindicato do setor. “Não sei se outros foram convidados”, diz Coutinho, acrescentando ter boa relação com o sindicato da categoria em São Paulo. “Acho que é da maior importância discutir os caminhos da comunicação. No momento, estamos órfãos culturalmente. A vitrine da cultura não pode ser a TV Globo ou a TV Record. Cada estado deve ter a sua vitrine.”

O tesoureiro da OAB, Miguel Cançado, soube da eleição pela reportagem. “Acho que nem a OAB foi comunicada”, comentou. Segundo ele, sua indicação foi feita há mais de um ano. Sobre as atividades do órgão, o advogado disse que preferia se informar mais sobre o processo antes de falar a respeito. “O conselho tem uma função importante na estrutura de comunicação do país.”

Por: João Peres e Vitor Nuzzi, da Rede Brasil Atual - 19/07/2012

quarta-feira, 18 de julho de 2012

FRENTECOM REPUDIA MÉTODO DE COMPOSIÇÃO DO CONSELHO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL



A Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito a Comunicação com Participação Popular (FRENTECOM) recebeu, na manhã de hoje, com estranheza e perplexidade a informação de que o Congresso Nacional aprovou na sessão de ontem (17) a nova composição do Conselho de Comunicação Social (CCS), desativado há quase 6 anos por omissão da Presidência do Congresso.

A votação dessa matéria se deu numa sessão do Congresso convocada com um único ponto de pauta, ou seja, o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias, às vésperas do recesso parlamentar. O item sobre o CCS deve ter sido incluído como extra-pauta, sem discussão e à revelia da maioria dos parlamentares, provavelmente com o conhecimento apenas dos líderes de bancada presentes à referida sessão.

Considerando tratar-se de uma questão de grande interesse da sociedade e que consta da agenda de trabalho da FRENTECOM que, inclusive, encaminhou em fevereiro de 2012 ao Presidente do Senado indicação de nomes da sociedade civil para compor o conselho, sem ser atendido, manifestamos nosso veemente repúdio pela forma desrespeitosa e antidemocrática como o Presidente do Senado tratou, neste caso, os parlamentares e representantes de mais de cem entidades da sociedade civil que integram a FRENTECOM.

A FRENTECOM reitera o firme compromisso de continuar lutando por um CCS plural e representativo que corresponda aos reais anseios democráticos da sociedade brasileira, esperando contar com o apoio das senhoras e senhores Parlamentares para reverter esse grave equívoco do Congresso Nacional.


Brasília, 18 de julho de 2012
Dep. Luiza Erundina de Sousa
Coordenadora da FRENTECOM

“Precisamos plantar a semente da mudança”

“Ninguém vive bem em São Paulo. Nem os pobres nem os ricos.” Esta é a fala de quem conhece de perto os problemas da megalópole. E não acredita nas soluções miraculosas das campanhas eleitorais. “Esta cidade precisa ser pensada em escalas de tempo de 20 anos ou mais”, afirma.
por Maíra Kubík Mano

Há 20 anos, a paraibana Luiza Erundina foi eleita prefeita de São Paulo. Essa militante política sui generis, que iniciou sua atuação nas ligas camponesas, imprimiu ao mandato as marcas da honradez e do compromisso com as grandes reivindicações sociais. O tempo passou. A população cresceu. E a gigantesca megalópole se encontra hoje à beira do colapso. Para a atual deputada federal (eleita pelo PSB, Partido Socialista Brasileiro), a resposta continua a ser um governo que olhe para o futuro. Em uma escala de tempo que vá muito além dos quatro anos de gestão.

Esta será a primeira eleição, desde o fim de seu mandato em 1992, em que ela não concorre à Prefeitura. E o faz em prol de um projeto político maior. Com 74 anos, ela acredita estar plantando, mais uma vez, a semente que outras gerações verão germinar.

Diplomatique: Com mais de 11 milhões de habitantes e uma frota de 6 milhões de veículos, São Paulo apresenta diariamente para seus habitantes o desafio da esfinge: “Decifra-me ou te devoro”. Porém, as respostas apresentadas pelos políticos parecem sempre emergenciais, sem qualquer estratégia por trás. A cidade está à deriva?

Luiza Erundina: Não ter planejamento urbano vem sendo o estigma de São Paulo. Precisamos pensar estrategicamente esta megalópole, que hoje dialoga com o país e o mundo de forma caótica, espontânea e partidarizada. Cada novo governo eleito tenta imprimir à cidade a marca de seu partido e tudo fica personalizado, sem coerência, sem continuidade. Questões centrais, como o transporte urbano e o trânsito, por exemplo, deveriam ser resolvidas nos marcos do Plano Diretor, caso se pensasse para além de um governo de quatro anos. Mas os prefeitos parecem presos a um projeto de gestão, não a um projeto de cidade. Isso vale igualmente para a moradia, a educação, a saúde etc. São Paulo é uma cidade que não tem estratégia de desenvolvimento. Esse é um de seus grandes problemas.

Diplomatique: E o que resultou dos sucessivos projetos de gestão?

Erundina: Os grandes túneis, viadutos e vias expressas. São obras caras e com muita visibilidade, além de servirem a interesses nem sempre confessáveis. Com certeza, as moradias populares, as escolas, os hospitais e uma gestão democrática e participativa não ajudam tanto a promover um prefeito. Vamos pensar novamente no caso do trânsito. A quantidade de vias é insuficiente para o número de veículos existentes na cidade. Calcula-se que haja atualmente em São Paulo um automóvel para cada dois habitantes. Ao passo que o transporte coletivo segue há décadas sem investimentos suficientes e sustentáveis. O incentivo que essas obras dão ao transporte individual praticamente inviabiliza a cidade. E as con-seqüências não dizem respeito apenas à locomoção, mas também ao agravamento do problema ambiental, ao estresse, ao mal-estar. Viver nesta cidade tornou-se extremamente desconfortável. São Paulo tem de ser pensada para além de eleições e de governos. Agora, como conseguir isso?

Diplomatique: Este é o problema: parece haver um círculo vicioso que não sabemos como romper. É difícil esperar que o próximo prefeito, seja ele quem for, consiga mudar essa perspectiva, principalmente sem a participação da sociedade civil organizada no governo.

Erundina: Realmente, a falta de mobilização social e participação popular são hoje agravantes concretos. A sociedade civil organizada cumpriu um papel significativo nas décadas de 1970 e 1980, impulsionando o processo de redemocratização do país. Não só em São Paulo, mas no país inteiro, havia importantes segmentos mobilizados, intervindo nas decisões. Isso imprimia uma dinâmica que extrapolava a atuação dos partidos e dos políticos. Foi esse dinamismo social que gerou o PT e elegeu Lula presidente. Hoje, no entanto, temos uma sociedade civil desmobilizada, sem motivação para participar. A cultura política decaiu muito nestes últimos tempos e os partidos contribuíram para seu próprio esvaziamento. Se analisarmos as propostas dos candidatos à próxima eleição, veremos que emerge delas a visão de uma cidade fatiada, com políticas sociais setorizadas que não obedecem a uma lógica de conjunto. Não há um projeto maior que integre todas as medidas, potencializando seus resultados. Essa é uma responsabilidade que deve ser assumida pelos governos que se pretendam democráticos populares e de esquerda. Mudar a forma de fazer política e governar pode ser inclusive um fator de motivação para que se inicie um novo ciclo histórico de acumulação de forças.

Diplomatique: A senhora está dizendo que, ao impulsionarem a redemocratização e eleger Lula, os segmentos mais progressistas da sociedade civil como que exauriram toda a energia acumulada, chegando a um resultado que ficou muito aquém das expectativas?

Erundina: Sim.

Diplomatique: E que essas forças precisariam, como a fênix, renascer das próprias cinzas e iniciar, agora, um novo ciclo de acumulação?

Erundina: É exatamente isso que eu penso. As determinações se impuseram. Quem teve e tem poder real nesses dois governos de Lula? Os mesmos de antes. As forças populares que, direta ou indiretamente, construíram o PT e elegeram Lula não foram capazes de impulsionar sua gestão, nem foram chamadas para atuar como protagonistas nas decisões estratégicas. Com isso, perdemos a grande oportunidade de iniciar um novo processo político – processo em que a ética fosse um pressuposto, não uma virtude. Um governo de fato democrático não existe ainda, e há muitos setores desestimulados. Claro, esse não é um problema apenas do Lula. Muitas coisas aconteceram desde a fundação do PT. Fatores como a globalização impactaram as relações econômicas e a composição social do Brasil. Hoje, a sociedade tem uma cara diferente da que tinha há 20 anos.

Diplomatique: Ao mesmo tempo, as instituições não se atualizaram para responder às novas demandas.

Erundina: Tanto é que a Constituição de 1988 já está se tornando superada e grande parte dela continua sem regulamentação. O sistema político está completamente defasado. E o próprio Estado não tem mais capacidade de acompanhar a dinâmica da sociedade. Isso se reflete de forma muito aguda na questão urbana. O Estatuto das Cidades, por exemplo, aprovado em 2001, tem muitos mecanismos ainda não implementados, como a democratização do acesso à terra para resolver o déficit habitacional.

Diplomatique: Enquanto isso, na região central de São Paulo, há milhares de imóveis desocupados. O Movimento dos Sem Teto do Centro fala em 600 mil domicílios não utilizados. Sabemos que muitos desses prédios têm enormes dívidas de IPTU com a Prefeitura. Eles não poderiam ser desapropriados com a finalidade de reforma urbana?

Erundina: Sim. A região central está hoje subocupada, com uma infra-estrutura urbana ociosa: redes de esgoto, sistemas de transporte, escolas, postos de saúde. É preciso reverter o fluxo de ocupação do espaço urbano para revitalizar essas áreas. Para tanto, edifícios ociosos, em dívida com a Prefeitura, são um estímulo à desapropriação. Há também muitos prédios públicos vazios, que estão emperrados em decisões judiciais e poderiam ser reutilizados. É preciso um programa de aproveitamento desses imóveis que contemple a demanda crescente por moradia popular.

Diplomatique: Mas a senhora acha isso factível? Para quem está fora do jogo, parece evidente. Porém, colocar essa medida em prática talvez não seja tão simples.

Erundina: É factível, sim, mas não como solução apenas local. O município não tem capacidade de ser o principal ator de uma política habitacional que dê conta de toda a demanda. Diminuir o déficit habitacional e o enorme número de favelas, cortiços e pessoas morando nas ruas é também uma questão de emprego e renda. A questão urbana é uma questão social, que deve ser resolvida pelo país de forma conjunta. Não precisamos apenas de um projeto de cidade, mas também de um projeto de nação.

Diplomatique: É possível trazer temas dessa magnitude para o debate eleitoral municipal?

Erundina: Eu acho que um candidato ou um partido que se reivindique de esquerda e queira ocupar um campo diferenciado deve centrar-se não só na questão ética, da honestidade e da transparência, mas também no método de gestão. O que diferencia um governo democrático-popular de outro sem essa vocação é justamente a inversão de prioridades, o investimento no social. Isso pode soar óbvio, mas é a única alternativa para diminuir o fosso entre uma minoria com altíssimo padrão de vida e a larga faixa da sociedade excluída dos serviços e das riquezas produzidas na cidade. Apesar de não enxergar isso, a elite também é prejudicada pela deterioração geral. Ninguém vive bem em São Paulo! Com o aumento da violência, cresceu o número de pessoas que vivem cercadas por muros eletrificados e andam em carros blindados, acompanhadas por escoltas privadas. A situação vem piorando ao longo dos anos. No período em que fui prefeita, tentei aprovar algumas propostas que alterariam essa realidade, como o IPTU progressivo. Os maiores proprietários pagariam mais. Dessa forma, teríamos uma política tributária que funcionaria como mecanismo de distribuição da riqueza, pois o montante arrecadado a mais seria destinado a acabar com o déficit de vagas no ensino fundamental. A proposta, porém, foi fortemente rejeitada, após uma violenta campanha de mídia contra a minha gestão.

Diplomatique: A senhora foi massacrada pela mídia conservadora!

Erundina: Na época, eu respondi que as pessoas contrárias à mudança no imposto preferiam contratar seguranças privados para se proteger dos “trombadinhas” a mandar crianças para a escola. Mas não adiantou. Infelizmente, não há sensibilidade social para entender que uma cidade mais justa é uma cidade melhor para todos. Aumentar a altura dos muros é investir no presente. Educação é investimento no futuro. É uma pena que em São Paulo ainda haja tão pouca solidariedade. Quem quer que se proponha a resolver esses problemas em apenas quatro anos está se iludindo ou iludindo os outros. É preciso pensar a cidade em escalas de tempo de 20 anos ou mais e investir pesadamente nisso. É preciso mudar a cultura política: promover a transparência, favorecer o controle social, estimular a participação popular, aceitar a atuação de um legislativo legítimo que exerça de fato seu papel fiscalizador. Enfim, trata-se de colocar o poder público a serviço dos interesses públicos.

Diplomatique: Tudo isso desemboca na questão da cidadania, de as pessoas se assumirem como atores da história.

Erundina: Continuamos presos a uma concepção política muito atrasada, repleta de projetos personalistas. A mídia, pelo menos grande parte dela, também não cumpre seu papel. Pelo contrário, é alienante. A juventude está desorientada por padrões consumistas e violentos. E o que dizer da absurda desigualdade de renda? Trata-se de um problema de fundo. Precisamos construir um projeto político de longo prazo ou a tendência é que tudo isso se agrave. Claro, não temos perspectivas de mudanças imediatas, mas a história dá saltos. Durante a ditadura militar, tínhamos a sensação de estar em um beco sem saída. No entanto, o processo histórico-social foi se gestando nos bastidores, nas entranhas da sociedade. E, de repente, as coisas aconteceram! É por isso que temos de acreditar. Eu já dimensionei minhas expectativas não pelo meu tempo de vida, porque não vou ver concretizado aquilo por que lutei, mas pela perspectiva histórica. A história se faz em séculos.

Diplomatique: Na perspectiva do século, deste século, talvez o nosso maior desafio seja a dimensão extremamente crítica assumida pelos problemas ambientais. São Paulo convive há décadas com a poluição atmosférica, a ocupação de áreas de mananciais e outras agressões ao meio ambiente. É possível pensar em alguma ação eficaz no âmbito da gestão municipal?

Erundina: A situação ambiental em São Paulo é gravíssima. Durante o meu governo, São Paulo tinha 9,5 milhões de habitantes. Hoje, são mais de 11 milhões – 20 milhões se contarmos a região metropolitana. Há uma conurbação generalizada. E, se as fronteiras são artificiais, é necessário um planejamento em escala mais ampla, que envolva todos os municípios do entorno. Nosso ordenamento institucional privilegia as esferas do município e do estado. Mas os problemas ambientais – como também os relativos aos transportes, à segurança e outros – extrapolam a esfera do município. No entanto, a Constituição de 1988 não confere às regiões metropolitanas um real poder de planejamento. Em vez da sinergia de recursos e ações, o que existe é a competição entre os governos dos diferentes municípios que integram a região metropolitana – competição ditada por mesquinhas disputas partidárias e eleitorais. É uma irracionalidade gritante. Houve uma expe-riência de consórcio intermunicipal para a gestão da água. Mas não foi muito longe. É preciso trazer o planejamento das regiões metropolitanas para o centro do debate político. Acho que as próximas eleições podem proporcionar um momento privilegiado para isso.

Diplomatique: A senhora parece bastante confiante na capacidade de as próximas eleições suscitarem debates realmente substantivos.

Erundina: Dom Tomás Balduíno costuma dizer que “o novo é o povo quem cria”. Não são os políticos nem os partidos. É por isso que precisamos sempre plantar a semente da mudança, senão desanimamos. A próxima eleição pode ser um instrumento para isso. Aqui, em São Paulo, a candidatura de Marta Suplicy talvez tenha a capacidade de reaglutinar as forças de esquerda. Não por ela ou pelo PT, porque, sozinhos, eles não configuram um campo político à esquerda. Mas pelas propostas que talvez se associem ao seu nome. Sua campanha e seu governo poderiam proporcionar espaços para agregar muitas forças, inclusive as insatisfeitas com Lula. E os movimentos sociais que protagonizaram as grandes mudanças a que nos referimos antes e que hoje se encontram desmotivados certamente viriam juntos. Quem sabe saia desta eleição não apenas uma candidata eleita, mas uma articulação capaz de gestar um novo processo político. Devido à enorme importância econômica, social, política e cultural de São Paulo, isso repercutiria no país inteiro. Não estou embarcando na candidatura da Marta achando que é disso que a cidade precisa, mas em nome da oportunidade de gerar uma nova dinâmica capaz de atrair as pessoas interessadas em intervir, em participar. Um fórum onde se discuta a cidade, as grandes questões urbanas e uma gestão democrática capaz de abrir espaço para os movimentos sociais se expressarem. Dessa forma, se iniciaria um novo ciclo de acumulação de forças. Antigamente, essas forças estariam em um partido político, mas hoje não existe mais uma legenda que corresponda a tais expectativas. Justamente por isso devemos criar um espaço, com o pretexto da eleição, que dê condição de ação política a todas as pessoas que pensam a cidade e o país para além de um acanhado horizonte de quatro anos.

Diplomatique: A mensagem que fica é, então, de esperança?

Erundina: Com certeza. Às vezes, nós só enxergamos o processo apenas a partir da dimensão pessoal, individual. Ela é muito pobre. A história acontece além da nossa compreensão, não é?

Maíra Kubík Mano é jornalista e editora de Le Monde Diplomatique Brasil.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Discurso e Nota de Repúdio ao estímulo da violência no treinamento de soldados


                                                                                  Foto: Agência Câmara 

Sra. Presidenta, colegas Parlamentares, visitantes, telespectadores, há alguns dias o jornal O Globo e Correio Braziliense divulgaram notícia a respeito da forma como é feito o treinamento e os exercícios dos militares e membros da segurança pública do Distrito Federal. Nessa ocasião, policiais e militares são estimulados à violência, á truculência, ao desrespeito aos direitos humanos.


A propósito, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias divulgou uma Nota de Repúdio nos seguintes termos:
A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, face às denúncias sobre cânticos de estímulo à violência e à brutalidade em treinamentos de soldados de nossas Forças Armadas...
(O microfone é desligado.)


Sra. Presidenta, eu imaginava que o tempo seria de 3 minutos, exatamente para o qual me inscrevi.
Em todo caso, concluirei depois a minha fala para dar conta desta nota de repúdio da Comissão de Direitos Humanos, que denuncia uma maneira de reproduzir, de estimular a violência na formação de agentes públicos do Estado, diferentemente do que está se dando na Argentina. O Ministério da Defesa daquele país está implantando nova estrutura de profissionalização dos militares, de formação profissional daqueles agentes do Estado, com foco na mudança de conceitos, introduzindo-os numa nova teoria do Estado, focado na defesa dos direitos humanos e no respeito a eles.


Lamentavelmente, no Brasil essa formação se dá no sentido de reproduzir a cultura da violência, a opressão do Estado sobre os cidadãos, em absoluto desacordo com o avanço da sociedade civil em termos da defesa dos direitos humanos, do respeito à dignidade humana e da responsabilidade do Estado nos termos da Constituição, para que os agentes públicos de segurança e os membros das Forças Armadas liberem, de uma vez por todas,a sua consciência da cultura da dominação, da violência, da truculência e do desrespeito aos direitos humanos.


Incito os membros das Forças Armadas e dos órgãos de segurança pública que aprendam com a Argentina e mudem a forma de educar e de treinar os agentes do Estado, a forma de como tratar a cidadania e o modo de aproximá-lo da sociedade civil, que é exatamente colocada numa outra dimensão, com uma outra preocupação e absolutamente respeitosa com os direitos humanos em nosso País.


Portanto, leio esta nota de repúdio da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, exigindo, inclusive, que o Ministério da Defesa dê explicações, informe a essa Comissão o modo ... (O microfone foi desligado.) e a maneira como estão formando os profissionais militares e os profissionais de segurança pública do nosso Estado.


Sra. Presidente, obrigada pela tolerância.


*Discurso no plenário em 16/07/2012



NOTA DE REPÚDIO



A Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados, face às denúncias sobre cânticos de estímulo à violência e à brutalidade em treinamentos de soldados de nossas Forças Armadas e de Segurança Pública, divulgadas pelos jornais O Globo e Correio Braziliense, manifesta seu mais veemente repúdio a esses procedimentos, reiterando que seu conteúdo confronta princípios da nossa Constituição e dos acordos internacionais de Direitos Humanos em que o Brasil é signatário.
A CDHM requer explicações do Ministério da Defesa e do governo do Distrito Federal, e a adoção das providências cabíveis para proibir, de vez, tais ‘costumes’ de apologia à barbárie. Eles revelam a existência de setores saudosistas da Ditadura Militar.



Brasília, DF, 12 de julho de 2012
Deputado DOMINGOS DUTRA
Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias

 
          Deputada Erika Kokay                          Deputada Luiza Erundina
          Deputado Luiz Couto                           Deputado Chico Alencar
          Deputado Padre Ton                           Deputado Jean Wyllis

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Relato de um apoiador - Ratinho fala sobre Erundina em seu Programa

"Saiu uma piada (bem popular, já que os comediantes são de circo), e o Ratinho aproveitou o ensejo e disse pro Diretor, dar um close nele. Aí ele saiu com essa: - Vem aqui mais não mostre muito o nariz. Falando em política, dona Luiza Erundina, olha aqui para a senhora (mostrando um positivo)! Que atitute firme e nobre que a senhora teve, viu! Parabéns dona Erundina. A senhora mostrou que tem opinião e não fica pulando pra onde tem festa. (Nesse meio tempo alguém deve ter falado no ponto que não podia falar sobre política.) Ele passou por cima e enfatizou. Que não pode falar sobre política o que? Eu falo de quem eu quiser e deixa o pau quebrar!
Ainda mais uma atitude da dona Erundina que o Brasil e o povo todo aplaudiu. Se tivéssemos umas 6 Erundinas o país seria outro. Pode ter ter certeza. Olha dona Erundina, nota dez para a senhora, com o sinal de positivo!
O que temos agora Sombra? E prosseguiu com o programa."
*Relato enviado pelo apoiador Renato 

sexta-feira, 6 de julho de 2012

CARTA DE BRASÍLIA - Seminário Internacional sobre a Operação Condor

Egmar José de Oliveira (Comissão de Anistia do Ministério da Justiça), dep. Luiza Erundina (PSB-SP) e Jair Krischke (presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos) Foto: Antonio Augusto

Os participantes do Seminário Internacional Operação Condor que, na Câmara dos Deputados, em Brasília, capital do Brasil, nos dias 4 e 5 de julho de 2012, avaliou os avanços democráticos na busca da Verdade sobre o conluio transnacional de ditaduras cívico militares que, fundados na Doutrina de Segurança Nacional, ministrada pela Escola das Américas, praticaram terrorismo de Estado, impondo, na segunda metade do século XX, o horror e o sofrimento a milhões de pessoas em centros clandestinos de tortura e de desaparição, em campos de concentração, nas cadeias e quartéis da América do Sul, concordam em declarar que:

- a consciência da impunidade destes crimes é geradora de criminalidade e de corrupção sistêmica, infligindo dor aguda e permanente aos sobreviventes e aos familiares das vítimas;

- que é exigida uma nova interpretação dos instrumentos legais que cada ditadura impôs nos ordenamentos jurídicos nacionais, como autoanistia e prescrição, a garantir a impunidade aos crimes por elas praticados contra os povos da região, cabendo-nos confrontar toda lei, decreto ou norma que possa reduzir, anular ou restringir a proteção aos direitos humanos, e propugnar que os Estados, em nossas constituições, permitam a investigação e a punição dos crimes contra a humanidade, conforme já estabelece a sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos, para que os agentes de Estado, assim como os seus cúmplices civis que violaram os direitos humanos, sejam processados e punidos com penas proporcionais aos seus crimes;

- que, na convicção de que a conciliação desejada necessita cumprir o caminho da Memória, Verdade e Justiça em relação aos crimes do terrorismo de Estado, para que nunca mais aconteçam, buscaremos a integração dos nossos parlamentos, com a essencial participação da sociedade civil, através da constituição de um Fórum Permanente de Justiça e Direitos Humanos, que objetiva por compartilhar e levar, pelo entendimento fraterno, para as legislações nacionais mais atrasadas, os avanços institucionais já conquistados no caráter supranacional das convenções e dos tratados internacionais a que nossos Estados tenham aderido, admitindo uma hierarquia equivalente, na medida em que essas normas acolhem o direito das pessoas, povos e permitem a convivência entre as nossas nações;

- que nos comprometemos com a constituição do Tribunal Russel da América do Sul, como corte civil de investigação e julgamento de atos graves de violação dos Direitos Humanos já praticados e que se mantêm atualmente na ação ou omissão dos Estados nacionais da região, que devem respeitar e aplicar o direito internacional e as resoluções dos organismos responsáveis pela sua aplicação e também deve cumprir com a Verdade.

Nós, participantes do Seminário Internacional Operação Condor, também aprovamos moção de repúdio ao golpe branco que, como lampejo de um nefasto espírito civil da    Operação Condor, retirou em processo sumário e sem direito de ampla defesa, Fernando Lugo do cargo de Presidente do Paraguai que ocupava pelo voto direto e democrático do seu povo, agora traído pelos que se dizem seus representantes no parlamento.


Tortura tem de ser resolvida com punição, diz deputada


                                                                                                                                    Antonio Augusto
Egmar José de Oliveira (Comissão de Anistia do Ministério da Justiça), dep. Luiza Erundina (PSB-SP) e Jair Krischke (presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos)
                                      Erundina: não se trata de uma vontade pessoal, mas de uma demanda da sociedade.

A deputada Luiza Erundina (PSB-SP), presidente da Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça, ligada à Comissão de Direitos Humanos e Minorias, afirmou que a tortura não pode ser resolvida com perdão, mas com punição. “Não se trata de uma vontade pessoal, mas de uma demanda da sociedade”, disse.
A declaração foi dada durante o Seminário Internacional Operação Condor, promovido pela comissão parlamentar.
Durante dois dias o seminário reuniu na Câmara, jornalistas, escritores, professores e juizes de seis países: Brasil, Argentina, Paraguai, Chile, Uruguai e dos Estados Unidos, para discutir a operação feita por esses países nos anos 70 para reprimir a atuação de ativistas de esquerda, que combatiam a ditadura militar.
O seminário terminou com a aprovação de um documento intitulado Carta à Brasília, que repudiou a retirada de Fernando Lugo da presidência do Paraguai. O documento também pede o julgamento e a punição dos torturadores que atuaram durante a Operação Condor.

Participação brasileira

O presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Jair Krischke, um dos palestrantes, afirmou que quem criou a Operação Condor foi a ditadura brasileira.
Krischke contou que já ouviu muito sobre a responsabilidade dos Estados Unidos na operação, mas que não é possível aceitar que se isente o Brasil. “Quem criou a operação foi a ditadura brasileira. Antes fazia essa afirmação com base em testemunhos. Hoje temos documentos que comprovam esse fato. Quando ocorreu o golpe no Chile, em 1973, o embaixador brasileiro no país disse: ‘Ganhamos’. Mais de cinco mil brasileiros estavam exilados lá. Logo depois do golpe, mais de 100 foram presos”, disse.
O presidente da Comissão sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, Marco Antônio Barbosa, afirmou que o Brasil foi um dos protagonistas da Operação Condor. “Em 1974, houve uma reunião de oficiais em Buenos Aires para um acordo sobre os mecanismos repressivos que seriam usados. A operação foi adotada como política de Estado”, disse.

Participação dos Estados Unidos 

A professora e diretora do Programa de Estudos sobre a América Latina na Long Island University de Nova Iorque, J. Patrice McSherry, fez um relato do papel dos Estados Unidos na Operação Condor. Ela afirmou que há evidências de que os Estados Unidos fortaleceram as ditaduras na América Latina e deram a elas uma aparência de legalidade.
A professora disse que nos anos 70, durante a Operação Condor, os Estados Unidos colocaram à disposição da operação um sistema de telecomunicações com base no Panamá. “Essa é uma prova do papel encoberto dos Estados Unidos na operação. Essa base de telecomunicação foi uma plataforma para a intervenção na América Latina”, disse.
Ela disse ainda que os norte-americanos queriam manter a América Latina como uma área de influência, como um império informal. “Havia uma preocupação em combater o comunismo e havia interesse econômico e político na região”, afirmou.

Justiça x vingança 

Antonio Augusto
Dep. Erika Kokay (PT-DF
Érika Kokay: é preciso resgatar a verdade para que se faça justiça.
Durante debate no seminário, o advogado Antônio Campos disse que o julgamento das pessoas que cometeram tortura durante a ditadura militar não é vingança, mas justiça. “Mesmo que a justiça não seja feita, a história é sábia e colocará as coisas no seu devido lugar. A verdade prevalecerá”, afirmou.
Já o presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Jair Krischke, disse que será dada aos torturadores a oportunidade que eles negaram a suas vítimas: o direito a ampla defesa. “Esses crimes transcendem territórios nacionais, ofendem a humanidade, não podem passar em branco. Temos uma jurisdição internacional que mostra que a tortura é crime de lesa-humanidade e, por isso, imprescritível”, disse.
Eles se pronunciaram depois da participação de um estudante de direito que afirmou que sentia, ao ouvir os palestrantes do seminário, que havia uma busca de vingança e não de justiça em relação às vítimas da ditadura.
A deputada Érika Kokay (PT-DF) afirmou que é preciso resgatar a verdade para que se faça justiça. “Temos que romper a impunidade, não podemos sair da ditadura como se ela não tivesse existido. É preciso jogar luz na história para organizar o nosso futuro. Quantos querem enterrar os seus entes queridos e não conseguem identificá-los? Vamos fechar a ferida. A verdade cura”, declarou.

Reportagem – Jaciene Alves
Edição – Newton Araújo

quinta-feira, 5 de julho de 2012

'Operação Condor' mostra necessidade de se rever Lei da Anistia, diz Erundina

 
Para a deputada federal, muitos crimes ocorridos no período da ditadura no Brasil ainda serão desvendados (Foto: PSB-Paraíba) 

 
São Paulo – Seminário internacional sobre a Operação Condor, organizado pelo governo federal e pela Câmara dos Deputados, em Brasília, tem avaliação positiva da deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP), que preside a Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça, e é também uma das organizadoras do evento. A atividade, iniciada ontem (4), terminará na tarde desta quinta-feira (5).
A Operação Condor foi uma articulação político-militar entre Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai. O objetivo era eliminar ativistas de esquerda que lutavam contra as ditaduras em seus países.

“O resultado do debate de ontem, somado com o que ocorre hoje certamente deixará elementos e sugestões de iniciativas a partir desse seminário. Há um enorme interesse sobre o tema e há muita coisa para se descobrir sobre essa ação criminosa que foi feita entre os vários países do cone-sul, o que mostra que o terrorismo de estado de fato ocorreu”, disse Erundina.

Segundo a deputada, o seminário contribuirá principalmente para o debate sobre Lei da Anistia brasileira e o papel de agentes do estado responsáveis por crimes durante a ditadura militar (1964-1985). “Mantida a posição do Supremo a respeito da Lei de Anistia, a Comissão da Verdade vai simplesmente produzir um relatório para ser colocado no arquivo nacional. Isso não justifica tanto tempo de espera”, afirmou.

“Espera-se que esse processo de mobilização e de pressão da sociedade sobre o Congresso e sobre a Comissão Nacional da Verdade resulte na possibilidade de se ter uma revisão da Lei de Anistia. A articulação latino-americana, a partir desse seminário, vai exercer pressão política e expor o Brasil à opinião pública”, disse. O resultado desses debates será entregue à Comissão Nacional da Verdade. 

Publicado em 05/07/2012

Seminário sobre Operação Condor se torna um marco na luta contra a ditadura

André Abrahão   
Luiza Erundina discursa durante a abertura do evento

A união de esforços para desvendar uma época negra da política brasileira ganhou um marco importante nesta quarta-feira (4). O Seminário Internacional Operação Condor, que acontece até amanhã, na Câmara dos Deputados, inaugurou seus trabalhos com a presença da deputada e coordenadora da Comissão Parlamentar da Verdade, Memória e Justiça, Luiza Erundina (PSB-SP). O evento servirá para unir mecanismos e articulações no sentido de buscar a verdade sobre a repressão aos opositores de ditaduras sul-americanas e eliminar líderes de esquerda instalados nos seis países do Cone Sul.

Para a socialista, é necessário que o debate não permaneça apenas nos relatórios da Comissão. “É impossível obter a reconciliação nacional com a democracia sem justiça às vítimas da ditadura militar e com uma lei de anistia que beneficia os torturadores. Com influência do governo americano, o Congresso votou essa lei, que precisa ser reinterpretada”, explanou Erundina.

Outro ponto muito discutido na reunião foi a necessidade de contar com a sociedade, que precisa estar sempre vigilante e buscar entender as causas e o funcionamento das ditaduras para evitar que momentos de repressão da ordem democrática voltem a ocorrer. “Essa comissão é uma construção coletiva. Trata-se de uma tarefa suprapartidária para que consigamos romper limites e nos comprometer com os direitos humanos, 24h por dia”, explicou a deputada.

Ela enfatizou que o fato de “trazer a verdade” sobre os crimes cometidos pelo estado e instituições brasileiras incomoda e isso deve se tornar uma arma na busca pela justiça. “Temos que fazer o esforço para mudar essa cultura de violência que existe na sociedade”.

O presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, Paulo Abrão, disse que a Operação Condor as ditaduras ocorridas na América Latina foram resultado, entre outros aspectos, de um mundo em meio à Guerra Fria, que visava a desconstrução e o extermínio dos movimentos de esquerda. “As ditaduras no continente latino-americano são resultado do mesmo movimento. Não partir dessa origem, é ignorar que o contexto internacional condiciona o contexto nacional. Precisamos construir fortalezas para evitar que isso ocorra novamente”, argumentou Abrão.

O juiz federal da Argentina, Daniel Rafecas, afirmou que até agora foram identificadas dez mil vítimas da ditadura militar no país, durante a Operação Condor, na década de 60. Ele disse que essas vítimas foram identificadas com a abertura de mil processos contra pessoas que atuaram durante a operação. “Respondem a processos chefes dos centros clandestinos de detenção e chefe das forças armadas, por exemplo. Até agora 250 já foram condenados por crimes graves. Os números são provisórios porque esse processo está em desenvolvimento”, explicou.

Ao que tudo indica, Luiza Erundina não pretende deixar o processo, em busca da justiça, parar no tempo. “Estamos programando outros eventos com significados políticos. Em agosto, promoveremos um grande evento juntamente com a Ordem dos Advogados do Brasil para homenagear os profissionais dessa área que sofreram coma repressão. Vamos devolver simbolicamente os mandatos populares que lhe foram usurpados pela ditadura militar”, encerrou.

O Seminário Internacional sobre a Operação Condor, que contou com a presença dos deputados Luiz Noé (PSB-RS), Janete Capiberibe (PSB-AP) e Sandra Rosado (PSB-RN), continua seus trabalhos nesta quinta-feira (5) abordando aspectos relativos à operação político-militar ocorrida no Brasil, na Argentina, no Paraguai, Uruguai e no Chile na década de 1960.

Confira a programação do evento para esta quinta-feira

“Arquivo do Terror”

A Operação Condor acentuou-se com o golpe militar no Chile que, em setembro de 1973, derrubou o governo socialista de Salvador Allende. Até hoje não se tem uma dimensão exata sobre o número de vítimas da operação. O “arquivo do terror” – quatro toneladas de papéis descobertos no Paraguai, em 1992 – preservou intactos diários, arquivos, fotos, correspondências e a rotina da operação. São mais de 60 mil documentos, totalizando 593 mil páginas microfilmadas pela burocracia da repressão.

Esse arquivo resultou nas seguintes estimativas: 50 mil mortos, 30 mil desaparecidos, 400 mil encarcerados. Já o Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH), de Porto Alegre, aponta que investigações oficiais realizadas por comissões independentes chegaram a números menores: 13.960 mortos e desaparecidos políticos no Cone Sul, no período de atuação da Operação Condor.

Rhafael Padilha/Repórter