sexta-feira, 29 de junho de 2012

Seminário sobre Operação Condor pode ajudar a rever anistia, diz Erundina

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A presidente da Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça, deputada Luiza Erundina (PSB-SP), espera que a pressão da sociedade civil torne possível a revisão a Lei da Anistia (Lei 6.683/79) para punir os agentes do regime militar que torturaram presos políticos.
Uma das oportunidades para sensibilizar a população sobre os crimes ocorridos na ditadura, na opinião da parlamentar, será o seminário internacional sobre a Operação Condor, que ocorre na quarta e na quinta-feira (dias 4 e 5) na Câmara. O evento é promovido pela comissão parlamentar, que é ligada à Comissão de Direitos Humanos e Minorias.

Confira a programação completa do seminário.

Criada em 1960, a operação foi uma aliança político-militar entre os regimes ditatoriais de cinco países da América do Sul: Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai. O objetivo era coordenar a repressão aos opositores dessas ditaduras e eliminar líderes de esquerda que militavam nos cinco países.
“É escarço o conhecimento sobre a Operação Condor. Os governos desses cinco países devem uma posição pública de perdão sobre essa operação. Quem sabe essa iniciativa, de trazer especialistas desses países, possa fazer avançar a justiça de transição”, afirmou Erundina.
Jornalistas, parlamentares e pesquisadores dos cinco países e dos Estados Unidos participarão do evento. Entre as presenças confirmadas, estão:

- o ex-militante contra a ditadura no Uruguai e atual deputado pelo partido Victoria del Pueblo (PVP), Luiz Puig Cardozo;
- o juiz federal argentino e autor de obras sobre a Operação Condor, Daniel Rafecas;
- o médico e militante pelos direitos humanos no Paraguai, Alfredo Boccia Paz;
- a professora e pesquisadora da universidade de Long Island (Nova York, EUA), J. Patrice McSherry, autora de livros sobre as ditadoras militares na América do Sul;
- a jornalista chilena Mónica González, fundadora e diretora da fundação Centro de Investigación Periodística;
- o ativista brasileiro pela defesa dos direitos humanos no Cone Sul, Jair Krischke. 

Lei da Anistia
Luiza Erundina admitiu que não há clima político para alterar a Lei da Anistia, mas espera conseguir a mudança com a pressão popular. “Forçaremos no limite do poder dos nossos mandatos para não somente descobrir os torturadores, mas fazê-los pagar por isso.”
Assembleias legislativas de doze estados (AM, BA, CE, GO, MA, MG, MT, PE, PR, RJ, RS e SP) instituíram comissões da verdade para investigar os crimes locais praticados pela ditadura. Erundina espera que mais estados tenham iniciativa semelhante para forçar uma mudança na legislação.
Um projeto de Erundina (PL 573/11) pretende rever a lei, excluindo os agentes públicos da anistia concedida aos crimes políticos cometidos durante a ditadura. O texto foi rejeitado pela Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional em setembro do ano passado e está em análise pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.
Em abril último, o Supremo Tribunal Federal decidiu que a Lei de Anistia beneficia tanto os militantes da esquerda quanto os agentes da repressão. 

“Arquivo do Terror”
A Operação Condor acentuou-se com o golpe militar no Chile que, em setembro de 1973, derrubou o governo socialista de Salvador Allende. Até hoje não se tem uma dimensão exata sobre o número de vítimas da operação.
O “Arquivo do Terror” – quatro toneladas de papéis descobertos no Paraguai, em 1992 – preservou intactos diários, arquivos, fotos, correspondências e a rotina da operação. São mais de 60 mil documentos totalizando 593 mil páginas microfilmadas pela burocracia da repressão.
Esse arquivo resultou nas seguintes estimativas: 50 mil mortos, 30 mil desaparecidos, 400 mil encarcerados. Já o Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH), de Porto Alegre, aponta que investigações oficiais realizadas por comissões independentes chegaram a números menores: 13.960 mortos e desaparecidos políticos no Cone Sul, no período de atuação da Operação Condor.

Íntegra da proposta:

Fonte: Agência Câmara
Foto: Alexandra Martins
29/06/2012

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Luiza Erundina preside homenagens ao Patrono da Educação Brasileira, Paulo Freire

A arte de ensinar o povo a ler e a ter consciência de sua realidade de opressão ganhou destaque na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (27). Em Ato Público de iniciativa da deputada Federal Luiza Erundina (PSB-SP), o educador e Patrono da Educação Brasileira, Paulo Freire, foi homenageado no auditório da TV Câmara, por suas grandes contribuições para o ensino no país. O título de patrono, conferido em 13 de abril deste ano, é uma iniciativa da deputada paulista e autora da Lei nº 12.612/2012.

A ideia de fazer esta homenagem surgiu em 2005 e tem como objetivo perpetuar a figura de Freire na educação do Brasil. “Com a dignidade que ele representa e por ele ter sido uma vítima da ditadura militar, é de extrema importância elevar o trabalho que ele fazia de ensinar pessoas a ler, escrever e criar opinião própria. Infelizmente esse foi o ‘crime’ que ele cometeu para o regime político daquela época”, disse Erundina. A socialista frizou que ele, até hoje, é lembrado mais fora do que dentro do Brasil.

Na época da repressão, Freire escreveu um dos seus mais famosos livros, a “Pedagogia do Oprimido”. Após 16 anos de exílio, retornou ao Brasil e continuou seu trabalho como professor e pesquisador na PUC de São Paulo. O evento contou com a presença da viúva de Paulo Freire, Ana Maria Freire, do senador Rodrigo Rollemberg, do reitor da UnB, José Geraldo, entre outras autoridades.

Histórico - Natural de Recife (PE), Paulo Freire formou-se em direito pela Universidade do Recife (atual Universidade Federal de Pernambuco) e tornou-se professor de português e pesquisador da área de educação. Uma de suas grandes contribuições para o ensino no país foi a criação do método de alfabetização de adultos, uma prática simples e revolucionária. Também, foi um dos fundadores do Movimento de Cultura Popular, que trabalha diferentes conceitos de cultura com vistas a oferecer à população carente a oportunidade de aprendizado, por meio de praças e núcleos de cultura.

Atuou como Secretário Municipal de Educação da cidade de São Paulo durante dois anos e meio na gestão da então prefeita Luiza Erundina, neste período, implantou o Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos (MOVA), fundamentado nos princípios filosófico-político-pedagógicos, com o objetivo de instruir o educando a identificar a realidade na qual está inserido, dando-lhe ciência da importância de sua atuação no contexto.

Com informações do PSB Nacional

terça-feira, 26 de junho de 2012

Seminário Internacional sobre a Operação Condor


 Neste momento em que amadurece no Brasil a discussão necessária para o resgate da verdade e da memória dos tempos do regime militar, a Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça, da Câmara dos Deputados, em conjunto com a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, a Fundação João Mangabeira e o Movimento de Justiça e Direitos Humanos, promovem o Seminário Internacional sobre a Operação Condor.

No evento, especialistas no tema e autoridades legislativas trarão ao Parlamento Brasileiro informações para que se compreenda o papel da Operação Condor nas ditaduras que atingiram a América do Sul na segunda metade do Século 20.

As inscrições podem ser feitas pelo e-mail cdh@camara.gov.br ou no próprio local e data do evento.

Dias 4 e 5 de julho de 2012, das 9 às 18 horas | Auditório Nereu Ramos da Câmara dos Deputados - Brasília/DF

Mais informações podem ser solicitadas pelo mesmo e-mail ou pelos telefones (61) 3216-6571/6570 - fax (61) 3216-6580.

Fonte: Site Câmara dos Deputados

Programação do Seminário Internacional Operação Condor

Local: Auditório Nereu Ramos - Câmara dos Deputados

Dia 4 - quarta-feira
9h30 - Ato de Abertura
. Presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia;
. Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, deputado Domingos Dutra (PT-MA);
. Presidente da Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça, deputada Luiza Erundina (PSB-SP);
. Presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, Paulo Abrão;
. Presidente da Fundação João Mangabeira, Carlos Roberto Siqueira de Barros;
. Presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Jair Krischke.

10h - Mesa 1 – Operação Condor: Perspectiva História
Coordenador: deputado Domingos Dutra (PT-MA);
Expositores:
. Presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, Paulo Abrão Pires Júnior;
. Presidente da Fundação João Mangabeira, Carlos Roberto Siqueira de Barros;
. Deputado argentino, Remo Gerardo Carlotto;
. Deputado uruguaio, Luis Puig;
. Deputado chileno, Hugo Gutiérrez Gálvez;
. Deputada Luiza Erundina (PSB-SP);
12h Intervalo para o almoço
14h Mesa 2 – Operação Condor: Argentina
Coordenador: deputado Luiz Couto (PT-PB), membro da Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça
Expositores:
. Jornalista, pesquisadora e escritora Stella Calloni (Argentina);
. Juiz federal Daniel Rafecas (Argentina).
15h30 - Mesa 3 – Operação Condor: Paraguai
Coordenador: deputado Chico Alencar (Psol-RJ), membro da Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça
Expositores:
. Advogado e professor Martin Almada (Paraguai);
. Médico, professor e escritor Alfredo Boccia Paz (Paraguai);
17h - Intervalo para o café
17h30 - Mesa 4 – Operação Condor: Uruguai
Coordenador: deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA), membro da Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça
Expositores:
. Jornalista, professor e ativista de Direitos Humanos Roger Rodriguez (Uruguai)
. Jornalista, professor e escritor Samuel Blixen (Uruguai)
19h -Encerramento dos trabalhos

Dia 5 – quinta-feira
10h - Mesa 5 – Operação Condor: Chile
Coordenadora: deputada Luiza Erundina (PSB-SP).
Expositor: jornalista, professora e escritora Monica Gonzalez.

12h Intervalo para o almoço
14h Mesa 6 – Operação Condor: Brasil
Coordenadora: deputada Erika Kokay (PT-DF), membro da Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça
Expositores:
. Jornalista e escritor Luiz Cláudio Cunha;
. Presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Jair Krischke;
. Jornalista, mestre em História e escritor Nilson Mariano;
. Representante da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça Sueli Aparecida Bellato;
. Advogado Antônio Campos.
16h Intervalo
16h30 Mesa 7 – Operação Condor: EUA
Coordenador: representante da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça Egmar José de Oliveira.
Expositores:
. Professora e diretora do Programa de Estudos sobre América Latina na Long Island University de Nova Iorque, J. Patrice McSherry;
. Diretor do arquivo de Segurança Nacional da George Washington University, Carlos Osorio.
18h30 Conclusões e encerramento dos trabalhos
. Deputada Luiza Erundina (PSB-SP).

sexta-feira, 22 de junho de 2012

PSB de João Pessoa aprova moção de aplauso a Luiza Erundina

Em reunião ocorrida nesta quarta-feira (20), a Direção Municipal do Partido Socialista Brasileiro – PSB, do município de João Pessoa, aprovou por unanimidade uma moção de aplausos à Deputada Federal Luiza Erundina (PSB/SP). Na nota, o PSB pessoense elogia a atitude corajosa, firme e coerente da paraibana, que rejeitou a sua indicação à candidatura de vice-prefeita de São Paulo. 

MOÇÃO DE APLAUSO a LUIZA ERUNDINA O Diretório Municipal de João Pessoa do Partido Socialista Brasileiro, reunido no dia 20/jun/2012, no hotel Xêniu’s, na capital da Paraíba, por unanimidade, decidiu: Aplaudir a atitude corajosa, firme e coerente com a sua história de luta e dos socialistas brasileiros, tomada por nossa companheira e deputada federal Luiza Erundina, que resolveu não compor a chapa majoritária, na condição de vice-prefeita em pleito eleitoral na cidade de São Paulo. Como sabemos, é obrigatório, principalmente por parte dos partidos progressistas e de esquerda, quando reunidos, sempre iniciarmos nossos debates fazendo uma análise da conjuntura política local, nacional e internacional. E destas análises, é indiscutível, reconhecermos a COERÊNCIA e RETIDÃO da história de vida desta companheira, LUIZA ERUNDINA , na luta pela bela UTOPIA SOCIALISTA em nosso país. 

Por entendermos que a luta socialista não se fez e nem deve se fazer, só buscando o poder pelo poder, ganhar sempre, a qualquer custo ou preço... Compreendendo as razões de nossa grande e exemplar companheira, que incomodada em dividir palanque, com um dos ícones representante da direita de nosso país, abandona uma provável vitória eleitoral, na maior capital brasileira, para mandar um recado a todos que defendem o pragmatismo, acima de tudo nas lides políticas, ensinando que nem sempre ganhar significa Vencer, pois as vitórias sem honra, não glorificam os vencedores. 

Não é possível jogar toda uma vida pro alto em troca de um minuto e trinta e cinco segundos. Parabéns Luiza, siga seu caminho, sempre no mister de dizer não àqueles que não desejam a LIBERDADE do povo brasileiro... sabendo que podes contar com os socialistas pessoenses! 

Diretório Municipal do PSB JOÂO PESSOA, 20 de junho de2012.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Paulo Freire, Patrono da Educação Brasileira


Dia 27 de Junho será realizada uma homenagem ao educador Paulo Freire, declarado Patrono da Educação Brasileira mediante Lei nº 12.612, de 13/04/2012, sancionada pela Presidente Dilma Rousseff e de autoria da Deputada Federal Luiza Erundina.

Paulo Freire, originário de Recife (PE), foi um dos fundadores do Movimento de Cultura Popular, que trabalha o conceito de cultura popular como chave para o trabalho com a população pobre, por meio de escolas para crianças, alfabetização de adultos, praças e núcleos de cultura. Formado em direito e professor de português, sempre se dedicou ao ensino da língua e à pesquisa na área da educação. Sua grande contribuição como pesquisador foi a criação do método de alfabetização de adultos, simples e revolucionário.

Ao ensinar o povo a ler e a se conscientizar de sua realidade de opressão, foi perseguido pela ditadura militar e obrigado a exilar-se no Chile, ocasião em que escreveu um dos seus mais famosos livros, a “Pedagogia do Oprimido”. Após 16 anos, retornou ao Brasil do exílio forçado e continuou seu trabalho como professor e pesquisador na PUC de São Paulo.

Atuou como Secretário Municipal de Educação da cidade de São Paulo durante dois anos e meio na gestão da então Prefeita Luiza Erundina, neste período, implantou o MOVA, Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos, fundamentado nos princípios filosófico-político-pedagógicos de Paulo Freire, onde, com base na análise do ambiente de convivência do educando, é identificada a realidade em que está inserido, dando-lhe ciência da importância de sua atuação no contexto.

Evento será realizado no Auditório da TV Câmara, na Câmara dos Deputados em Brasília.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Carta aos amigos de Luiza Erundina


Companheiras e Companheiros,

A nossa amiga e companheira Luiza Erundina, que tive a honra de receber em minha casa como recebi a todos vocês, precisa agora de nosso apoio, o qual, podemos dar de várias formas. Um, pressionando o PT a recuar desta posição suicida de fazer acordos com Maluf. Segundo, mandando para Luiza nossas posições como já fez muitos dos companheiros presentes no encontro de domingo.

Sabemos que Luiza Erundina foi escolhida para ser vice na chapa de Haddad, por exigência dos movimentos populares, das lideranças sindicais, políticas, por todos que acreditam numa cidade democrática e numa campanha diferente comprometida com  ideais de justiça e liberdade... Sabíamos, também, desde o inicio do descontentamento da Luiza e nosso com a provável aliança com o PP-  com o malufismo. Pois, todos que apoiam a Luiza sabem quem é este senhor de triste figura da nossa historia recente. O Sr Maluf: entre outras coisas foi interventor  da ditadura em São Paulo, portanto, muito mais que um colaborador da ditadura, um de seus agentes, responsável pela existência da vala de Perus, condenado em várias instancias, o maior ficha suja do país. Além de autor de frases de efeito como a atual... “devemos olhar pelo para brisas e não pelo retrovisor” é assim mesmo que se posicionam todos aqueles que têm medo da verdade e escondem o passado. Luiza  e Maluf travaram batalhas históricas na política de São Paulo. Ela representa o trigo e ele o joio na cidade de São Paulo. Disto não temos dúvidas. Falar de socialismo, de política com transparência, honestidade, tendo como referencia as lutas sociais desta cidade, é apoiar Luiza Erundina é exigir do PT, FORA MALUF!!!!

Ontem, mais uma vez na sua trajetória política, Luiza Erundina enfrentou com sua coragem, sua conduta ética e sua coerência política o Lula, o Hadad, o PT, o PSB e as forças conservadoras deste país dizendo, com a fibra e força que tem esta guerreira: Não fazemos acordos reacionários, não tomamos posições simplesmente eleitoreiras. TEMOS PRINCÌPIOS, DIGNIDADE  E  ÉTICA!!! NÃO AO MALUFISMO, NÃO A GELÉIA GERAL, ESTAMOS COM O POVO!!!
VIVA LUIZA ERUNDINA. SEU GESTO NOS MOSTRA QUE  AINDA PODEMOS TER ESPERANÇA NA POLITICA COM “P” MAIÚSCULO.

Nessa terça-feira, Luiza, com a coragem que lhe é peculiar, nos surpreende mais uma vez com sua capacidade de avançar na luta política, enfrentando todos os desafios, nos acenando  para a luta ao dizer que  não irá abandonar a chapa de Fernando Haddad (PT) "Não sou de recuar, sou de enfrentar, de lutar". E avisa que não irá dividir palanque com Maluf. Nenhum de nós irá. Vamos, então, avisar aos nossos companheiros do PT que assim não dá. Quem irá ao palanque com o Maluf????

Temos que ter orgulho em estarmos participando deste fato político de grande expressão nacional. O maior nesta campanha...

Rosalina de Santa Cruz

domingo, 17 de junho de 2012

Entrevista de Luiza Erundina ao Jornal Folha de São Paulo

FÁBIO ZAMBELI -Folha de SP

Recém-indicada candidata a vice de Fernando Haddad (PT) à prefeitura paulistana, Luiza Erundina, 77, questiona o papel do provável aliado e adversário histórico Paulo Maluf (PP) na campanha e diz considerar o slogan petista, que valoriza o "novo", preconceituoso contra os idosos.

Em entrevista exclusiva à Folha, concedida na noite de sexta-feira (15), minutos após ter seu nome formalizado pelo PSB, a ex-prefeita cobra que seu partido deixe as administrações de Gilberto Kassab e Geraldo Alckmin.


Fernando Haddad e Luiza Erundina em evento em que PSB anunciou apoio ao petista
Fabio Braga/Folhapress

Fernando Haddad e Luiza Erundina em evento em que PSB anunciou apoio ao petista
Leia abaixo os principais trechos:

*
Folha - Em abril, a senhora se mostrava incomodada com a possibilidade de ser vice. O que mudou?

Primeiro, foi uma decisão partidária. Nenhum dos projetos políticos dos quais participei foi resultado de vontade pessoal. Foi o partido que construiu esta possibilidade e me consultou, me deixando à vontade. Eu entendi que era mais uma missão que me cabia. A direção nacional está muito envolvida. Isso me deu coragem, pois, se ganharmos, vou ter que deixar minha função parlamentar.

Qual foi o momento em que foi tomada a decisão? Qual era a dúvida?

Basicamente o mandato. É um mandato que se ocupa de questões estratégicas para o país, como a questão da democratização das comunicações, a construção de um novo marco regulatório.

A senhora tratou da regulação da mídia no discurso de hoje [sexta-feira]. É um tema a ser discutido na campanha?

Não, foi só para justificar a minha ausência dessa tarefa. Porque estou absolutamente certa de que vamos ganhar a eleição.

Que marca da sua gestão trará para a campanha de Fernando Haddad?

Já marquei um encontro com um grupo grande de pessoas que está um pouco afastada da atividade política desde o meu mandato. É um coletivo que vai definir a agenda, como participaremos. Isso vai dar o tom. Vai ser uma campanha criativa, nada burocrática, com alegria, tirando aquela caretice das campanhas tradicionais.

A senhora impôs alguma condição para aceitar?

A condição que eu fiz foi que houvesse consenso entre PT e PSB. Não quis entrar em divisão. Não estava disputando a condição de candidata a vice. Decidi isso porque nunca me omiti na minha vida política. Por mais difícil que fosse a tarefa, não me omiti. Imagina se eu ficasse fora do processo? Estou percebendo que as minhas bases estão vibrando, estão aprovando.

Em nenhum momento a senhora negociou sua participação no eventual governo?

Certamente não serei mera figurante. Nem na campanha e nem no governo. Não que eu pleiteie esta ou aquela pasta. Vamos gerenciar a cidade juntos, dividindo tarefas e mobilizando a sociedade. Acho que vou ser uma ponte entre o governo e os segmentos mais excluídos do foco do poder em São Paulo.

Sua participação é uma forma de resgatar seu legado, já que sua gestão na prefeitura terminou com baixa aprovação?

São tempos distintos. Eu não acho que saímos do governo com rejeição. Claro que rejeição sempre tem, sobretudo com os compromissos que assumimos. Devo ter contrariado interesses de segmentos que sempre foram beneficiados no governo. Sofri boicote, ameaças. O que me salvou foi o apoio popular. Tive problemas na Câmara porque tinha minoria. Para ter maioria, teria que fazer concessões éticas e morais. E isso eu não faço. Hoje, depois de 23 anos, nosso governo é mais reconhecido do que foi na época. Muitas políticas que adotamos naquele tempo estão consolidadas em outras administrações, de vários partidos.

A senhora diz que não fez concessões para ter maioria. E agora entra numa campanha que faz concessões para ter aliados e tempo de TV, atraindo personagens como Paulo Maluf, seu adversário histórico...

Esse é um problema de governos de coalizão. Eu tenho outra concepção de governo. Por mais que tenhamos dificuldades, se isso significar alguma restrição ao seus compromissos, eu acho que tem um preço que não vale a pena pagar por ele.

Mas qual é o limite?

Não tem esse limite. Do ponto de vista ético é absoluto esse limite. É uma questão difícil de ser administrada. Tem relação a tempo de TV e rádio, recursos, meios. Nós sobrevivemos numa cultura política bastante conservadora e permissiva do ponto de vista ético e moral e a nossa sobrevivência não é uma coisa fácil. Não é fácil ser fiel a isso.

A senhora se sentiria confortável participando de eventos ao lado de Paulo Maluf?

Eu não acredito que Paulo Maluf participará de eventos públicos junto comigo e junto com Haddad. Isso é contraproducente do ponto de vista eleitoral. Eu evitaria essa situação porque cria um certo mal-estar na relação com aquelas pessoas que tem mais ligação com o povo, que sabem quem é Maluf, que sabem quem é a direita nessa cidade, que ainda continua no poder reproduzindo os privilégios. Eu vejo assim. Isso tem uma questão de correlação de forças. Deve ser uma decisão de colegiado.

Vai participar deste colegiado?

Eu pretendo.

Se consultada, opinaria contra a participação dele?

Com certeza.

Em 2004, a senhora não quis apoiar Marta no segundo turno porque dizia que o debate eleitoral foi pobre, muito centrado no candidato do "bem" contra a candidata da "coragem". Agora se desenha uma campanha cujos slogans transmitem um embate entre o "novo" e o "velho". Não é uma discussão que a desagrada?

Estes valores não são pedagógicos numa campanha. Você termina negando uma realidade que é própria dessa sociedade. É uma sociedade em que a terceira idade cresce e exige uma nova postura e uma nova forma de ver o problema geracional. Não dá para se imaginar que a São Paulo de hoje é igual à de 30 anos atrás. Temos que estar antenados com o que a sociedade diz.

A senhora acha que esse slogan do "novo" é preconceituoso?

Sim, pode reforçar isso. É ruim porque pode reforçar preconceitos. Em partidos como os nossos temos que lutar para conquistar poder, mas temos que ter ação pedagógica. Para que a gente avance na perspectiva de um novo modelo de governo e de sociedade. É uma perspectiva de fazer um governo para o povo.

Espera uma campanha agressiva?

Erundina - Nesta fase já houve manifestações indelicadas, no mínimo. Falaram que eu ia terminar minha carreira política com essa tarefa, por exemplo...

A senhora está segura de que não é um papel menor ser candidata a vice para quem já foi prefeita?

Claro que não. Modéstia à parte, eu tenho o que contribuir. A cidade precisa da minha contribuição. E São Paulo não é uma cidade, é um país. O que acontece aqui determina, em grande medida, o que acontece no país. E nossa tarefa não é só administrar, o que nos diferencia é o respeito ao povo. E nos submetermos ao controle, à fiscalização e à avaliação popular. Eu mudei muito com aquela experiência dura, mas muito enriquecedora de administrar a cidade.

Aliados relataram desalento seu com a política recentemente. Pensou em encerrar a carreira depois de cumprir este mandato?

Há 13 anos estou na Câmara lutando pela reforma política. O quadro partidário brasileiro é um condicionante ao avanço da cultura política. Muitos partidos não vão além de siglas. Não têm critério para se aliar, para conviver, para participar de determinados processos. O sistema político concorre para isso. O quadro partidário está exaurido em propostas. Temos um esgotamento. Isso gera distorções e compromete a democracia representativa.

Ainda na seara partidária, as chagas com o PT foram curadas?

Não acho que ficaram chagas. Fui fundadora do PT e aprendi muito lá. O partido não havia acumulado até aquele momento em que saí uma situação de governo efetiva. No momento em que aceitei o convite de Itamar Franco para assumir uma pasta em seu governo... Se eu não fosse, iria me culpar por não ter contribuído institucionalmente naquele momento instável. Lamentavelmente nem todos discutiram o mérito. A política é a disputar de poder. E nisso as idiossincrasias, as diferenças se apresentam com muita força. Naquele momento me custou muito. Foi a ruptura com o partido que ajudei a fundar, minha primeira filiação partidária. Ter tido aquele julgamento do meu partido pelo fato de não ter seguido a orientação nacional foi duro.

Durante a campanha terá início o julgamento do mensalão. Sua figura é associada à rigidez ética, de valores. Há desconforto em estar numa campanha do partido que terá vários personagens importantes sob questionamento nacional?

Eu confio na Justiça. Quem deve tem que pagar, seja quem for, seja de que partido for. A justiça tem que se cumprir, pois é assim que se constrói maturidade política. Espero que a justiça se aplique adequadamente, sem nenhuma influência que seja o estrito cumprimento da lei, com base nas provas concretas. Tem que pagar se dever. Senão, tem que ser absolvida. A demora é um incômodo para quem está sob suspeita. Espero que no processo eleitoral isso não seja pretexto para se interferir na decisão do Supremo.

A senhora acredita na absolvição do ministro José Dirceu?

Erundina - Eu não tenho elementos e informações sobre isso. Por falta de tempo mesmo. Eu sei da minha responsabilidade na opinião pública e acredito que se fará justiça. Hoje temos mecanismos que nos dão segurança sobre o julgamento, que será aberto. Há condição de acompanhar o desempenho de juízes até da Suprema Corte inclusive pela internet. Confio na decisão.

O presidente Lula teve algum papel no convencimento para que a senhora aceitasse ser candidata?

Teve, sim. Eu recebi sinalizações de pessoas próximas dele de que era o desejo dele.

Mas não teve contato direto? Pretende procurá-lo?

Sou muito amiga do Lula, tenho um carinho e uma identidade até de origem com ele. Era sindicalista também e estivemos juntos em todas aquelas greves da década de 80. Temos cumplicidade política e um afeto grande um pelo outro.

A senhora conhece Fernando Haddad bem? Conhece há muito tempo?

Não. Ele esteve no governo, se não me engano da Marta. Mas não convivi muito naquela época. Acompanhei mais de perto no ministério. Acho que é um moço idealista, que tem potencial grande. Ao passar pelo crivo das urnas, terá melhores condições políticas para administrar.

Como deputada, como avalia a gestão dele à frente do Ministério da Educação?

Foi positiva, as dificuldades com o Enem, que ganharam repercussão, foram mais administrativas. Não podemos julgar apenas pelo aspecto administrativo. Temos que julgar pelo aspecto político também. Eu mesmo governei com esse lado predominantemente político. As decisões de governo são, em boa parte das vezes, políticas.

Como crítica do atual modelo de administração municipal, acredita que o PSB deve deixar o governo de Gilberto Kassab?

O partido tem que discutir mais estas questões. Nós não nos reunimos, não debatemos. O partido precisa melhorar. Quero contribuir para que as decisões sejam colegiadas, em que a maioria tome decisões. A dificuldade que o PSB enfrenta nestas questões é que ele tem pouca democracia interna.

Pessoalmente, recomendaria que o partido entregasse seus cargos na prefeitura?

Não só no município, mas também no governo do Estado. Por questão de coerência. O dirigente até tem suas razões, mas o que me ressinto é de que as decisões não foram partidárias, de maioria.

A senhora acredita ter algum papel no engajamento da senadora Marta na campanha?

Vou querer saber pessoalmente os motivos da sua resistência. Temos relação de confiança, respeito e carinho. Na última vez que ela disputou a eleição para prefeita houve cogitação de que eu pudesse ser vice dela. Tem uma relação pessoal boa com ela. Acho que vou convencê-la do quanto ela tem interesse por São Paulo. E mostrar a ele que o projeto partidário tem que ter o apoio de suas lideranças

Seu ingresso preenche a lacuna que ela tem deixado na campanha de Haddad?

Nada disso. Eu sou eu, Marta é Marta. Eu sou o povo, minha origem é nordestina, família pobre, de camponeses. Vim pra São Paulo como migrante para sobreviver. Sofri preconceito por ser nordestina. Não sou de família tradicional, nem de sobrenome, nem de participação política.

Como pretende participar das atividades eleitorais, já que está na Câmara?

Vou para as ruas, certamente. Vou a Brasília quando tiver trabalho e votação. Minha agenda vai ficar livre para a campanha sextas, sábados, domingos e segundas. Vou me organizar para isso. Vamos ter um representante na equipe de coordenação.

Teme-se que sua presença nas visitas, sobretudo à periferia, ofusque o candidato, menos conhecido do eleitor...

As pessoas confiam em mim. Sabem que eu não escolheria ninguém que não vá governar com o povo. Eles me conhecem e confiam nas minhas decisões políticas. Vou estar junto do Haddad e convencê-los de que é o melhor candidato. O entusiasmo das pessoas é impressionante. Não imaginava isso. Tenho apelo popular muito forte, a política é meu sangue, minha energia, é aquilo que respiro. É mais do que qualquer outra coisa, que a profissão, a família, qualquer coisa. Essa paixão pela política temos que trazer de novo às sociedade. Tem uma mesmice, uma repetição de práticas na política. O afastamento das pessoas da política é grave. Muitas vezes me insurgi com certas coisas que ferem a dimensão maior da política.

‘Não vou estar confortável no mesmo palanque que Maluf’, diz Erundina


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Fernando Gallo e Julia Duailibi, de O Estado de S. Paulo

A deputada Luiza Erundina (PSB), pré-candidata a vice-prefeito na chapa de Fernando Haddad (PT) na disputa pela Prefeitura de São Paulo, disse ter sido surpreendida pela aliança com o PP, de Paulo Maluf. “Não vou estar confortável no mesmo palanque com o Maluf. Com certeza não. Até acho que ele nem vai enfrentar a reação da massa, que é o nosso povo, com quem a gente vai ganhar as eleições e governar a cidade. Com esse povo a gente consegue manter a coerência”, afirmou, em entrevista ao Estado neste sábado, 16.

Na última quarta-feira, 13, o Estado noticiou com exclusividade a possibilidade de a deputada aceitar a formação de chapa com o ex-ministro da Educação. A aliança com os petistas deve dar a Haddad cerca de 1min 30s em cada um dos blocos do horário eleitoral na TV, que começa a partir de agosto. “Entendo o pragmatismo de ter uns minutos a mais numa disputa acirrada, esses minutos, segundos, devem fazer diferença. Agora, não sei se o custo político compensa a vantagem do tempo de televisão”, completou a ex-prefeita, que administrou a cidade pelo PT entre 1989 e 1992.

“Mas acho que a campanha não sou eu e nem Maluf individualmente. É um processo muito mais amplo, complexo, plural. Isso se dilui, a meu ver. Claro que não é confortável. Pra mim, não será confortável estar no mesmo palanque com o Maluf”, afirmou numa referência ao deputado e ex-prefeito, que foi um dos seus maiores adversários políticos na capital. Leia a seguir a íntegra da entrevista.

Estado: A sra. decidiu tomar um rumo diferente do PT 15 anos atrás. Agora voltam a se juntar. Mudou a sra ou mudou o PT?
Luiza Erundina: Mudamos os dois. Eu nunca me afastei daquilo pelo que eu ajudei a construir no PT, a militar, a construir as tarefas políticas que o PT me atribuiu durante todo aquele tempo. A partir daí é que mudei de partido. Não foi uma decisão fácil. Foi traumática para mim. Mas naquele momento minha experiência no PT havia se esgotado.

Estado: Por que?
Luiza Erundina: Eu entendia que minha visão político-partidária, minha prática política, minha relação com o partido durante o governo foi uma relação difícil, as experiências de campanha também foram muito difíceis. Os processos se esgotam e a gente tem que ter coragem para não… Em um determinado momento me coloquei a seguinte hipótese: ou eu saio da política, embora filiada ao PT, mas se militância, ou para continuar a fazer política com o nível de engajamento, de participação e militância era melhor eu ir para outro espaço.

Estado: Mas por que o realinhamento com o PT?
Luiza Erundina: Nem fui eu. Foi uma decisão partidária. Lógico que como liderança partidária isso passa por mim. Eu sou ouvida. A direção me consultou e nós fizemos uma discussão política mais aprofundada. Avaliamos que no interesse maior do projeto que estamos construindo no País desde a primeira vitória de Lula, a vitória da Dilma, tem sido num alinhamento estratégico com o PT.

Estado: Por que vale em 2012 e não valeu em 2004?
Luiza Erundina: Eu era uma candidata potencial naquele momento. Havia condições objetivas para que eu pudesse disputar o cargo de prefeita. No segundo turno fui de cabeça e procurei dar a minha contribuição.

Estado: As feridas já estão cicatrizadas? A senhora dividiu na sexta a mesma mesa com o Rui Falcão, que esteve em trincheiras opostas as da senhora no PT na década de 90.
Luiza Erundina: Isso foi uma das dificuldades, a relação do governo com o governo e com o partido no município. Quem era o presidente na época era o Rui Falcão. Nós tivemos muita dificuldade. Ele reconhece hoje, não publicamente, mas, particularmente, faz má autocrítica de que o partido poderia ter ajudado o governo e não ter criado tanta tensão como ocorreu naquele momento.

Estado: A sra. disse que é amiga da Marta e que vai tentar trazê-la para a campanha. O que explica a ausência dela? Ressentimento?
Luiza Erundina: Não tenho detalhes sobre o que aconteceu entre a Marta e o partido dela. Mas conheço muito a Marta. Ela é muito franca, inteira, fala exatamente aquilo que acha, sente. É uma pessoa que não tem meio-termo. Isso é um mérito e um valor dela. O governo dela deixou uma herança.

Estado: Líderes do PT já afirmaram que ela está cometendo um grave erro político. Está?
Luiza Erundina: Não faço esse julgamento político, sobretudo porque tenho a expectativa de que ela vai entender a necessidade de vir ajudar. Falar isso é julgá-la mais ainda.

Estado: O PT mudou ao chegar ao poder?
Luiza Erundina: Um partido de esquerda, com vocação socialista, que era o que eu entendia do PT quando estava no partido, quando chega ao poder tem dificuldade de conviver com os limites que existem nesse Estado. Ter que governar com outras forças políticas é mais complicado, mais difícil. O PT não é mais aquele de 30 anos atrás, com certeza, até pelo fato de participar da luta institucional nos marcos da política que existe hoje no País. Se explica que o PT, mesmo com o corte ideológico dos nossos partidos, tenha que fazer inflexões para sobreviver como governo.

Estado: A sra. está dizendo que o PT se tornou mais pragmático?
Luiza Erundina: Com certeza. Muito mais pragmático. Com o presidencialismo e uma minoria no Congresso você tem muito mais dificuldade de governar. Eu vivi isso na cidade de São Paulo. Governei quatro anos com minoria na Câmara dos Vereadores. Para ter maioria, teria que ter feito concessões. Eu preferi não ter maioria, não ter conseguido aprovar certas iniciativas de lei do que ter feito concessões. Mas aquilo pensado numa cidade talvez tenha sido menos difícil de administrar do que no âmbito do País.

Estado: O PT fez muitas concessões? Perdeu a coerência?
Luiza Erundina: Fez muitas concessões. Não diria de forma absoluta que perdeu a coerência. O programa partidário, por essas injunções da política institucional, da correlação de forças, teve que ser mudado. Até porque o partido faz suas análises a partir das suas experiências de governo. Tudo isso envolve tantas variáveis… É fácil julgar estando de fora dizendo que tal política é incoerente. Mas você não está dentro do espaço de decisão. Prefiro não julgar um partido em que não estou mais. Agora, com todas as críticas que a gente pode fazer aos governos do Lula e da Dilma, eles foram governos voltados para o interesse da maioria. Mesmo que isso tenha exigido certas concessões ao outro polo da sociedade. A política é real. Não é algo que se dá no plano do ideal, da abstração, da vontade política só.

Estado: Alianças com Sarney, Jader, Renan… Isso é bem real, não?
Luiza Erundina: É bem real. Quando penso num processo desses, a aliança maior que me mobiliza é a aliança com o povo. Os nossos governos federais, desde o primeiro governo Lula, teriam menos força no Congresso se houvesse uma aliança mais estratégica, orgânica e permanente com a sociedade civil organizada. Espero dar a minha contribuição chegando lá com o Haddad.

Estado: A sra. combateu o deputado Paulo Maluf durante parte muito importante de sua carreira política. Que avaliação a sra. faz da entrada dele na campanha?
Luiza Erundina: Foi uma decisão dos partidos que não passou nem passaria por mim. Provavelmente teria dificuldade de aceitar essa decisão. Meu partido deve ter sido consultado sobre isso. As responsabilidades de alianças são da direção nacional.

Estado: Tivesse sido consultada, diria ‘não’?
Luiza Erundina: Faria minhas ponderações. Não vou estar confortável no mesmo palanque com o Maluf. Com certeza não. Até acho que ele nem vai enfrentar a reação da massa, que é o nosso povo, com quem a gente vai ganhar as eleições e governar a cidade. Com esse povo a gente consegue manter a coerência.

Estado: A sra. foi surpreendida pelo apoio?
Luiza Erundina: Fui, quando o jornalista me mostrou uma mensagem eletrônica. Agora eu entendo o pragmatismo de ter uns minutos a mais numa disputa acirrada, esses minutos, segundos, devem fazer diferença. Agora não sei se o custo político compensa a vantagem do tempo de televisão. Mas acho que a campanha não sou eu e nem Maluf individualmente. É um processo muito mais amplo, complexo, plural. Isso se dilui, a meu ver. Claro que não é confortável. Pra mim não será confortável estar no mesmo palanque com o Maluf. Não que eu tenha nada contra a pessoa dele. Inclusive a gente convive no Congresso numa boa. Ele sabe o que eu penso, eu sei o que ele pensa. A gente convive no mesmo espaço e tem que saber distinguir a pessoa daquilo que ela pensa e faz na política.

sábado, 16 de junho de 2012

Reunião oficializa candidatura de Luiza Erundina para vice-prefeita de São Paulo


                                                      PSB Nacional - Divulgação

Erundina, ao centro, comemora aliança para candidatura Após 24 anos em que se tornou a primeira prefeita da cidade de São Paulo, a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) tem um novo desafio pela frente. Em reunião nesta sexta-feira (15), em um hotel na capital do Estado, o Partido Socialista Brasileiro (PSB) anunciou oficialmente que aceitou o convite do PT para disputar a Prefeitura nas eleições deste ano e confirmou o nome da deputada como a vice-prefeita de Fernando Haddad (PT-SP). Durante o evento, Erundina elogiou o PT, partido do qual se desfiliou em 1997 e pelo qual foi eleita prefeita em 1988. ”Estaremos juntos, fazendo o que você falar que a gente deve fazer”, afirmou a ex-prefeita a Haddad. Ela também se disse "feliz" por assumir tal compromisso e afirmou que será fiel a Haddad. "Estou imensamente feliz de estar ao seu lado. Vou procurar ser fiel a esse compromisso. O que você disser eu vou fazer", declarou. Para a deputada “não foi fácil” aceitar o convite para integrar a chapa petista. Ela afirmou que a dificuldade não era em razão da certeza de vitória, mas por causa de sua ação e seu mandato como parlamentar na Câmara dos Deputados. O presidente estadual do PSB, deputado federal Márcio França, disse nesta quinta-feira (14) ser favorável à indicação. “Não há nenhuma objeção. A deputada é um grande quadro, é presidente de honra do partido em São Paulo, e será uma ótima vice para o Haddad, pela sua história e trajetória”, afirmou França. Já o presidente nacional do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos elogiou o ‘sim’ de Erundina e acredita em uma perspectiva para o futuro. "É uma coisa bonita você pegar uma militante como ela de tantos anos, e um jovem quadro político para fazer uma aliança e falar para a maior cidade do país uma mensagem de história", concluiu Campos. A votação para as Eleições 2012 acontecem em outubro. 

Liderança PSB - Com informações de agências